Como estão as crianças com TEA nessa pandemia e o que podemos repensar?

Como estão as crianças com TEA nessa pandemia e o que podemos repensar?

Em março de 2020, a organização Mundial de Saúde caracterizou o surto da COVID-19 como uma pandemia, e o mundo passou a tomar medidas sanitárias e de distanciamento social para prevenção, controle e mitigação dessa problemática. Medidas drásticas de isolamento e distanciamento social foram tomadas para proteção e salvamento de vidas.

A pandemia promoveu novas rotinas e modos de vida, modificando a sociabilidade, restringindo a forma de interação, tornando o ambiente familiar a célula principal do confinamento e com novas ações educativas. O computador foi liberado, os jogos, um passatempo que causava desavenças e isolamento entre pais e crianças precisou ser repensado como funcional, a partir desta nova perspectiva.

Se todas as crianças tiveram suas rotinas modificadas, imagine como ficaram as crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que, quando sofrem uma mudança repentina, sem anúncio anterior, entram em crise, gerando maior estresse no entorno familiar, revelando as dificuldades de lidar com essa situação e a necessidade que ainda temos de elaboração de trabalhos com essas famílias.  

Além disso, a pandemia provocou a todos novos hábitos de higienização e costumes. Não podemos sair sem o uso de máscara e não podemos ficar sem higienizar nossas mãos e utensílios. O que cabe pensar, como será que as crianças com TEA compreenderam esses novos hábitos?

Crianças com autismo, em estado grave ou que ainda tem muitos prejuízos de perceber o que está acontecendo, não entenderam o porquê de um dia para o outro, tiveram as suas rotinas retiradas e em casa estão até os dias atuais. Quando conseguem sair, a imposição do uso de uma máscara é colocada, máscara um objeto que abafa a boca e serve para quê?

O TEA é um transtorno que afeta o desenvolvimento de uma criança, desde os seus 03 primeiros anos de vida, comprometendo a comunicação, coordenação motora, socialização, afetando funções como atenção e causando hiperatividade. Os prejuízos mais significativos serão na aprendizagem e interação social. Assim, podemos compreender que, uma criança com TEA pode falar, mas não de maneira efetiva para se comunicar ou compreender totalmente o outro e, como efeito, ela se isola.

Relembrando que ações e diversos trabalhos foram realizados para que escola e tratamentos não parassem, e a saída principal foi a do ensino a distância e do atendimento online, incorporado por diversas instituições. Nesta modalidade, muitas vezes a presença de um acompanhante adulto se faz necessária, como mediação entre a criança e o professor (ou terapeuta) do outro lado da tela. Esta modalidade pode se mostrar eficaz em várias circunstâncias, mas em algumas merece maior atenção.

As crianças com TEA, por exemplo, necessitam de maior mediação para a aprendizagem e, durante a pandemia, quem representou este papel junto às escolas e às terapias acabou sendo a família. Em muitos casos causou-se um aumento do nível de estresse e elevada preocupação, pois pais não são terapeutas nem professores, e isso esbarra no afastamento e distanciamento do interesse em dar continuidade com as atividades online.  

A inclusão se caracteriza pelo conjunto de medidas direcionadas ao indivíduo que está excluído do meio social. Nesse momento, não podemos deixar de pensar que a pandemia é o que mais nos preocupa, pois, a contaminação é um risco de vida. No entanto, como faremos com essas crianças, que já têm como características o isolamento e embotamento afetivo? De certa forma, a pandemia está provocando o agravamento do prejuízo social nos casos onde ele já se fazia presente.

Desta forma, julga-se necessário que, quando tivermos a oportunidade de retornarmos às escolas e aos atendimentos presencias, que seja refeita a (re)inclusão dessa criança. Se ela não usar máscara, por não entender a necessidade, ajude-a a compreender.  A interlocução com a família e os demais envolvidos neste processo precisa ser acolhida, compreendida e manejada, considerando a singularidade de cada criança, pois uma medida não pode esbarrar em exclusão ou desenvolvimento de novos sintomas.

Telma Rodrigues

Psicóloga da Unidade Clínica da Ame

World Summit Awards, maior premiação de inovação digital, abre inscrições para edição 2021

World Summit Awards, maior premiação de inovação digital, abre inscrições para edição 2021

Projetos inovadores, com impacto social e soluções ligadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável podem participar

O World Summit Awards (WSA) Brasil, abre suas inscrições para a edição 2021. Empresas com projetos inovadores que tem impacto na sociedade podem e devem participar. Trata-se de um verdadeiro festival tecnológico de diversidade, inovação, acessibilidade e inclusão. Muito mais do que premiar um trabalho de vanguarda, o WSA nasceu com o objetivo de reforçar a mensagem de que as tecnologias da informação e comunicação são indispensáveis para o desenvolvimento, seja no plano pessoal, nacional ou global.
No Brasil, o Prêmio seleciona, promove e divulga anualmente os projetos mais inovadores, criativos, inclusivos e com maior impacto social que ofereçam soluções para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Nos 18 anos de existência do WSA, já foram premiados mais de 700 projetos, vindos do mundo todo. “Faremos da edição 2021, a maior na história no Brasil! Contamos com a parceria e o apoio de empresas e instituições ligadas à tecnologia e publicidade, cientes e conscientes da importância que o prêmio representa e no valor que ele agrega aos vencedores globais.” – afirma Cid Torquato, embaixador do Prêmio no Brasil.

Apoiam o prêmio grandes instituições como: ICOM Libras, Digitalks, Ouvi, Associação Amigos Metroviários dos Excepcionais (AME), Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP), Associação Brasileira de Marketing de Dados (ABEMD), Associação Brasileira dos Agentes Digitais (ABRADI), Associação dos Profissionais de Propaganda no Brasil (APP Brasil) e Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (BRASSCOM).

As inscrições estão abertas e foram prorrogadas até o dia 30 de julho, acessando o site www.premiowsa.com.br. Os vencedores da etapa brasileira serão conhecidos em evento virtual que será realizado na segunda quinzena de agosto, em data anunciada em breve. Depois serão encaminhados para concorrer a etapa global do WSA em setembro, seguindo o calendário Global – portal https://wsa-global.org


Sobre o WSA

O World Summit Award – WSA é uma premiação global com o intuito de selecionar e promover os melhores e mais inovadores conteúdos digitais do mundo, valorizando a relevância em relação ao contexto em que foi criado, bem como a contribuição a inclusão e acessibilidade digitais.

O WSA teve início em 2003, em Genebra, no âmbito da cúpula das Nações Unidas sobre a Sociedade da Informação (WSIS – World Summit on the Information Society) e vem sendo realizado a cada dois anos, sendo coordenado pelo Centro Internacional de Novas Mídias (ICNM – International Center for New Media), de Salzburg, Áustria.

A competição global é resultado de seleções nacionais, envolvendo mais de 180 países, que, em concursos locais, selecionam as melhores práticas e os melhores projetos em oito categorias nas áreas de Governo, Saúde, Educação, Ambiente e Energia Verde, Cultura e Turismo, Urbanização, Negócios e Inclusão. Qualquer órgão público, empresa, entidade ou indivíduo pode concorrer ao prêmio. No Brasil, foi criado também uma categoria especial, que premia o melhor projeto, dentro dos escolhidos nas oito categorias, em termos de Acessibilidade.

Para mais informações acesse o site www.premiowsa.com.br e as redes sociais @wsabrasil

#PraCegoVer #PraTodosVerem: sobre fundo branco, convite para o WSA. No topo, o logotipo do WSA Brasil 2021. Abaixo, o texto: Inscrições prorrogadas até 30/07 – O World Summit Award (WSA) é a maior premiação global em conteúdos digitais. Elege os melhores e mais inovadores projetos digitais no mundo, valorizando a relevância em relação ao contexto em que foi criado, assim como a contribuição para inclusão e acessibilidade a todos os públicos. No canto superior esquerdo, foto de mãos segurando um tablet. Abaixo, à direita, foto de um globo em pixels sendo projetado. No rodapé, os logotipos da realização: CT Serviços e apoiadores: ABAB, ABEMD, ABRADI, AME, APP, BRASSCOM, Digitalks, ICOM Libras e Ouvi.

Ser avaliado pela limitação ainda é a principal barreira enfrentada pelos profissionais com deficiência no Brasil

Ser avaliado pela limitação ainda é a principal barreira enfrentada pelos profissionais com deficiência no Brasil

Tatiana Batista (foto) tem 37 anos, é surda, e está à procura de uma oportunidade de trabalho desde que ficou desempregada, há quase um ano. Mora em Limeira, interior de São Paulo, e é mãe de dois rapazes. Há poucas semanas, encontrou uma vaga de operador de produção e mandou seu currículo. “Era uma vaga PCD”, lembra ela. Mesmo assim, fez questão de reforçar ao enviar seu currículo, que é surda. Também pediu para que entrassem em contato – caso ela fosse selecionada – somente por mensagem escrita (no WhatsApp), não por ligação. Em vão.

Passados uns dias, identificou duas chamadas não atendidas no seu celular. Pediu ao noivo, ouvinte, que ligasse para o número identificado. Sim, era a tão esperada entrevista de emprego. O noivo explicou quem era, reforçou que ela ia precisar de uma pessoa que falasse libras ou um tradutor de língua de sinais, e confirmou o interesse de Tatiana na vaga. No dia e hora marcados, lá estava Tatiana pronta para ‘agarrar’ a oportunidade que parecia surgir. “Mas quando cheguei, vi que havia umas sete pessoas além de mim, todas ouvintes. Por mensagem de texto, expliquei para a pessoa que estava ali quem eu era. Ela me deu um formulário, que preenchi, e aguardei minha vez. Só que não me chamaram para a entrevista.” Tatiana conta que recolheram sua ficha preenchida, mas foi dispensada. Inconformada, tentou entender porque não ia ser entrevistada. Tentou se comunicar por libras, mas percebeu que a atendente não tinha muito conhecimento. “Fiquei decepcionada e fui embora. Nunca mais me procuraram.”

Assim como Tatiana, há cerca de 35% de desempregados com algum tipo de deficiência em idade produtiva, segundo pesquisa realizada e divulgada no início de maio pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O objetivo do levantamento, que ouviu 8.464 indivíduos, sendo 4.200 mulheres e 4.264 homens, era identificar a relação dessa parcela da população com o mercado de trabalho. O acesso a posições formais de trabalho ainda é a principal dificuldade dessas pessoas no Brasil. A sondagem também apontou que 19,9% dos profissionais com deficiência seguem sendo avaliadas pelas suas limitações e não pelas suas vocações, habilidades e conhecimento.

Para os entrevistados, a busca pela independência financeira é a principal motivação para ingressar no mercado de trabalho. Outro dado interessante é que 43,75% dos que trabalham com carteira assinada têm nível superior completo ou ainda uma pós-gradução, o que desmistifica a ideia de que as pessoas com deficiência não possuem qualificação adequada para inclusão no mercado.

Este blog entrevistou Tatiana pelo ICOM, a central de tradução simultânea de libras da AME. Para saber mais sobre esse serviço, que pode ser contratado por empresas que querem ajudar a construir uma sociedade mais inclusiva e igualitária, clique aqui.

Novo app complementa programa LibreOffice com tradução para Libras em tempo real

Novo app complementa programa LibreOffice com tradução para Libras em tempo real

A funcionalidade é bastante importante para a comunidade de Libras, já que por regra eles usam a língua de sinais, e não a língua portuguesa

Pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) criaram um app que dá maior autonomia a pessoas com deficiência auditiva, tanto no estudo quanto no trabalho. A ferramenta foi projetada para auxiliar essa parcela da população a lidar com a suíte digital de escritório LibreOffice, uma alternativa gratuita aos programas de edição de texto, planilhas e apresentações de grandes empresas de tecnologia. “Basta o usuário passar o mouse sobre um ícone ou item de menu, ou mesmo de um sub-menu, para que apareça na extremidade inferior da tela uma pessoa dizendo, em Libras, o que é aquela funcionalidade. Dessa forma, o indivíduo passa a ter um intérprete de Libras à sua disposição”, afirmou Henrique Cukierman, professor do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (PESC) da Coppe, que coordenou o processo de desenvolvimento do software.

O aplicativo está disponível para os sistemas operacionais Microsoft Windows e Linux, com explicações em Libras e em português, e possui um formulário para contato com a comunidade de surdos, já que, devido à extensa quantidade de ícones existentes, nem todos foram traduzidos para Libras até o momento. Cukierman explica que o projeto aceita contribuições de quem quiser adicionar sinais para funcionalidades ainda não traduzidas para Libras ou mesmo para indicar regionalismos. “O aplicativo está aberto a contribuições externas tanto em termos de fornecimento de sinais, como também para compartilhar com a comunidade de LibreOffice”, diz o professor. A expectativa é que o nova tecnologia beneficie um universo de, pelo menos, 12 milhões de pessoas com deficiência auditiva (total ou parcial) no país, de acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em live da AME, Mara Gabrilli diz que critério socioeconômico para definir prioridade na vacina é discriminatório

Em live da AME, Mara Gabrilli diz que critério socioeconômico para definir prioridade na vacina é discriminatório

No evento, secretário de saúde do Estado de São Paulo também admitiu falta de vacina,
mas revelou estar empenhado para que as pessoas com deficiência sejam vacinadas até julho

A live –“Vulnerabilidade e Pandemia: Pessoas com Deficiência e a Prioridade na Imunização—,
realizada na manhã desta terça-feira (10) nas redes sociais da AME, reuniu, além da senadora
Mara Gabrilli, o secretário de saúde do Estado de São Paulo, Jean Carlo Gorinchteyn, e a
professora titular de fisiatria da USP, Dra. Linamara Rizzo Battistella. Mediada por Marco
Pellegrini, um dos membros do Conselho da AME, o debate ao vivo teve tradução
simultânea em libras. Para a senadora, a definição na prioridade da vacina da
Covid-19 com base no Benefício de Promoção Continuada (BPC) é discriminatório.
Segundo ela, a definição socioeconômica tira o direito à vacina de muitos grupos que
necessitam, como os deficientes visuais, que estão entre os mais vulneráveis por usarem o tato
para praticamente tudo. “Muitos não se enquadram em grupos com comorbidades ou mesmo no
BPC. E são extremamente vulneráveis ao vírus do Covid-19”, destacou Gabrilli, que ainda fez um
apelo ao secretário: “precisamos do seu discernimento”. Durante o debate, Jean Carlo Gorinchteyn lembrou a realidade que o país vive hoje com a falta de vacinas e
insumos. “Como médico e gestor, trago essa preocupação humana de cobrarmos mais
doses da vacina. Só ela nos dará a celeridade na imunização que queremos”, disse Jean Carlo.
“Como e quando teremos, vamos definir nos próximos dias. Só não posso dar uma data hoje.
Mas posso dizer que vai ser rápido”, acrescentou o secretário.


A vacina foi o tema da live de estreia da AME que, a partir de agora, abre esse espaço para o
debate democrático sobre as questões que envolvem o universo da pessoa com deficiência.
“Queremos nas nossas lives mensais estimular a reflexão da sociedade a respeito do seu papel
na promoção da inclusão social e da cidadania”, disse José de Araújo Neto, presidente da AME.

Para quem perdeu o evento ao vivo, basta clicar aqui para assistir sua gravação na íntegra.
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