A pandemia de coronavírus causou impactos significativos na vida dos cuidadores não profissionais, ou seja, pessoas que mantêm algum vínculo afetivo com quem está sendo assistido e que não tem necessariamente formação na área nem remuneração. A informação deriva do “Índice de Bem-Estar do Cuidador não Profissional de 2020”, publicado pelo Embracing CarersTM, programa global apoiado pela farmacêutica alemã Merck. Baseado em uma pesquisa com nove mil cuidadores não profissionais de doze países –entre eles EUA, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha e Brasil—, o índice mostra que para 64% deles a pandemia tornou mais difícil esse papel; no Brasil, o número sobe para 68%. Entre os fatores que contribuem para o quadro estão a piora da situação financeira (54%) e cansaço excessivo (76%). Além disso, 57% dos entrevistados afirmam que com as incertezas e o medo provocados pela Covid-19, vem sendo demandado maior suporte emocional; e os brasileiros são uns dos que mais sofrem com essa pressão (65%), ficando atrás apenas dos cuidadores da Índia e da China. As habilidades também tiveram que mudar nesse período, já que 68% das pessoas consultadas buscaram mais orientação e treinamento sobre como usar a telemedicina, ferramentas online e aplicativos móveis para manter os cuidados de saúde em dia. E, claro, tudo isso teve um impacto direto na quantidade de horas “trabalhadas”, que chegaram a aumentar em 46% durante o pico da pandemia. Para mais informações, clique aqui
A Secretaria de Modalidades Especiais (SEMESP) do Ministério da Educação (MEC) lançou a Cartilha de Orientações Volta às Aulas de Estudantes Surdos na Educação Básica. Com ações para aprimorar o atendimento de estudantes com deficiência auditiva sinalizantes, surdos, surdocegos, surdos com altas habilidades/superdotação e surdos com deficiências associadas, a publicação apresenta cuidados importantes no retorno das atividades escolares e atendimento educacional especializado presenciais. A cartilha aborda desde o uso de máscaras para estudantes surdos (já que as expressões faciais são tão importantes para uma comunicação afetiva e as máscaras comuns podem atrapalhar a visualização) até a disposição das salas de aula e capacitação dos profissionais. O documento elenca ainda importantes cuidados a serem tomados para se prevenir o vírus. Clique aqui para acessar a cartilha na íntegra.
Como seres sociais, a comunicação é instrumento fundamental na integração, participação e socialização das pessoas. Por meio dela, exprimimos nossos desejos, anseios, dificuldades e opiniões. Dada sua importância, a comunicação é um direito previsto na Declaração Universal de Direitos Humanos. O documento estabelece que “todo ser humano tem direito à (…) transmitir informações e ideias quaisquer meios e independentemente de fronteiras”. Desse modo, a comunicação entre surdos e ouvintes é um direito.
A comunidade surda no Brasil (com níveis diferentes de surdez) equivale a mais de dez milhões de pessoas, segundo o IBGE, dentre os quais 2,7 milhões são totalmente surdos. E, de acordo com a OMS, estima-se que até 2050, existam 900 milhões de pessoas surdas no mundo.
Essas pessoas enfrentam ao longo da vida barreiras que impedem seu pleno desenvolvimento social, muito em função da grande dificuldade de comunicação que existe com as pessoas ao redor.
A comunicação entre surdos e ouvintes, nesse sentido, torna-se um dos principais na socialização dos surdos que, por consequência, implica em falta de acesso à educação de qualidade, consumo de produtos e serviços, bem como dificuldade de inserção no mercado de trabalho.
Apesar de haver políticas públicas e legislação em vigor que determina diretrizes para inclusão de pessoas surdas (e pessoas com deficiência no geral) no mercado de trabalho e em outros ambientes, a realidade ainda se mostra aquém do que pede a lei.
Por isso, neste artigo, vamos dimensionar os principais desafios na comunicação entre surdos e ouvintes no mercado de trabalho para, em seguida, listar soluções para reverter esse cenário excludente na organização, dando subsídios para a empresa tornar-se efetivamente inclusiva.
Desafios na comunicação entre surdos e ouvintes
Por mais que correspondam a 5% da população e estejam presentes em diferentes classes sociais e idades, a invisibilidade da população surda motiva a dificuldade na comunicação que esse grupo de pessoas encontra em várias esferas da vida.
Isto porque sem visibilidade não há esforço das partes envolvidas (gestores, empregadores, diretores, colegas de trabalho) em tornar os ambientes que gerenciam/trabalham amigáveis e acessíveis para pessoas surdas.
Falta de empatia e engajamento dos ouvintes
Conforme pesquisa do Movimento Web para Todos, algumas empresas não vêem necessidade em transformar seus canais de comunicação, por exemplo, em meios mais inclusivos.
Se não há engajamento dos gestores e dos funcionários ouvintes em diminuir as barreiras da comunicação, a pessoa surda será naturalmente excluída das relações, das reuniões, das capacitações, entre outras atividades que aconteçam dentro da empresa.
Desconhecimento de Libras pelos ouvintes
Outro ponto que limita a comunicação entre surdos e ouvintes é a pouca popularidade da Língua Brasileira de Sinais (Libras), embora alguns surdos (os oralizados) consigam fazer leitura labial, a maior parte deles comunica-se pela língua dos sinais, porém quando o interlocutor não domina o código, a comunicação não acontece.
Se para uma pessoa surda oralizada existe dificuldade em se comunicar, imagine para uma pessoa completamente surda e não oralizada? A maioria só tem a Língua de Sinais como forma de comunicação.
Esse fator deixa o funcionário surdo sem autonomia para executar suas atividades e isso pode resultar em atitudes capacitistas por parte dos colegas de trabalho, gerando constrangimento.
Ausência de tecnologia assistiva
A falta de tecnologia assistiva também é um grande impasse nesta comunicação, uma vez que não havendo o domínio de libras pelos interlocutores, faz-se necessário o uso de mecanismos que possam propiciar a comunicação. No entanto, a ausência delas vai ampliar ainda mais a exclusão do funcionário surdo na empresa.
Todos esses fatores dificultam a construção de uma relação interpessoal da pessoa surda com os colegas de trabalho, sem conseguir estabelecer vínculos ou laços, o que torna o trabalho solitário.
Dicas para melhorar a comunicação entre surdos e ouvintes
A falta de conhecimento é um imperativo na relação entre surdos e ouvintes, o que resulta em preconceito e atitudes capacitistas, por parte do ouvinte. Assim, a principal dica é despir-se dos preconceitos e buscar informar-se sobre a pessoa com deficiência, tornando a jornada dela na empresa mais agradável, acolhedora e inclusiva.
Conheça a pessoa surda
É preciso entender, por exemplo, que existem graus diferentes de surdez, de pessoas que ouvem parcialmente a pessoas que são completamente surdas. Há também pessoas que ficaram surdas em algum estágio da vida, por doença ou acidentes – estas, então, podem ter sido oralizadas -, e pessoas que são surdas de nascença, nunca ouviram um som na vida, sendo não oralizadas.
Dito isso, seja empático e conheça o profissional que a empresa está contratando. A depender do grau de surdez, adapte o ambiente para que ele ou ela se sinta integrado/a à organização e não apenas um dado a constar nos relatórios de obrigatoriedade da cota da LBI.
Adapte os mecanismos de comunicação vigentes
Nas reuniões de equipe, utilize apresentações mais visuais e tenha a presença de um intérprete de Libras que pode ser um profissional contratado ou uma Plataforma ou Serviços online para Libras.
Instale sinais luminosos que exerçam a função de campainhas ou sirenes, bem como para toque de telefone ou qualquer outro recurso que seja sonoro na empresa. Legende também os vídeos instrucionais ou de treinamento.
A importância das Tecnologias Assistivas na comunicação com surdos
Previstas na Lei Brasileira de Inclusão, tais tecnologias consistem em recursos e serviços que proporcionem ou mesmo ampliem as habilidades das pessoas com deficiência, promovendo autonomia e independência desse funcionário na empresa.
Dentre os recursos considerados como tecnologia assistiva encontram-se computadores adaptados, telefones com teclado, sistemas com alerta táctil-visual, softwares de leitura e transcrição de voz para pessoas com deficiência auditiva oralizadas e ainda softwares de interpretação de libras em tempo real. Já existem no mercado soluções práticas e bastante funcionais baseadas em IA e também com versão em aplicativo, o que dinamiza o acesso e uso do recurso em qualquer ambiente e situação.
Já os serviços compreendidos como tecnologia assistiva são os que a empresa pode oferecer ao funcionário surdo para auxiliar na sua jornada dentro da empresa. Podem ser, então, o suporte multidisciplinar de psicólogos, terapeutas, fonoaudiólogos, dentre outros.
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O diagnóstico do transtorno do espectro autista (TEA) pode ser muito mais complicado do que se imagina. Isso porque as causas determinantes do quadro são múltiplas, e o grau de comprometimento da comunicação e da relação social, bastante variáveis. E, ao postergar o início do tratamento, compromete-se não só o desenvolvimento e as habilidades do indivíduo, bem como a sua qualidade de vida e de quem está ao seu redor.
Com o objetivo de entender as dificuldades globais do problema e auxiliar uma parcela de autistas que permanecem na invisibilidade, a psicóloga Andressa Roveda e o empreendedor Leandro Mattos, da startup catarinense CogniSigns, desenvolveram uma ferramenta que ajuda a detectar sinais desse transtorno em crianças, adolescentes e adultos. “É importante destacar que não se trata de um diagnóstico, mas sim de uma triagem digital rápida, inteligente e de baixo custo, capaz de alertar o usuário caso existam comportamentos que sugiram TEA. Com esse sinal, a pessoa passa a ter consciência de que precisa buscar ajuda de um profissional de saúde habilitado. E os dados dessa triagem podem servir como instrumento de apoio para médicos durante o diagnóstico e tratamento”, explica Roveda.
Mas, afinal, como funciona?
A primeira etapa, gratuita, é realizada pela assistente virtual V.E.R.A. (Virtual Empathic Robot Assistant). A pessoa a ser analisada e seu acompanhante conversam com a assistente digital via smartphone, tablet ou computador, como em uma rede social, e respondem a um questionário. As perguntas –que constam de protocolos de saúde aplicados pela comunidade médica global— abordam desde a insistência em manter uma mesma rotina e o grau de interação com outros indivíduos até reações quando desejos e expectativas não se cumprem. Já a segunda etapa, cujo valor pode variar de acordo com o cliente (pessoa física ou jurídica), emprega a “visão computacional”, que atua em captura, classificação e compreensão de imagens, convertendo-as em dados. Na prática, basta posicionar o paciente em frente a um computador, tablet ou smartphone com câmera, clicar no botão “iniciar” e pedir que ele veja um vídeo. Enquanto isso, é feito um rastreamento ocular, parecido com a observação que o profissional de saúde realizaria durante esse tipo de exame.
Participante da atual edição do programa de aceleração da Samsung, Creative Startups, a CogniSigns vem investindo em aprimorar cada vez mais a V.E.R.A. para detecção facial. “Em breve, disponibilizaremos uma nova versão para saúde mental (estresse, ansiedade e depressão). Também estamos ampliando nossos estudos para aplicação em dislexia, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), entre outros”, conta Roveda.
Segundo relatório sobre as tendências tecnológicas da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) –uma agência da ONU—, cerca de 1 bilhão de pessoas depende atualmente de tecnologias assistivas, um número que deve dobrar na próxima década, à medida que a população envelhece. E esses recursos, destinados a atenuar situações de deficiência relacionadas a limitações motoras, visuais e auditivas, entre outras, passam hoje por um enorme desenvolvimento. O documento da ONU identificou mais de 130.000 registros de patentes relacionadas a tecnologias assistivas convencionais e emergentes entre 1998 e meados de 2020, de assistentes robóticos e aplicativos domésticos inteligentes a soluções para pessoas com deficiência visual. Já os projetos no campo da “tecnologia assistiva emergente” aumentaram três vezes mais rápido (17% entre 2013 e 2017) do que os da “convencional”, que traz melhorias para os ítens já bem estabelecidos no mercado, como assentos para cadeiras de rodas, rodas ajustadas para diferentes espaços, alarmes e dispositivos em braille.
O estudo revela ainda que China, Estados Unidos, Alemanha, Japão e Coreia do Sul são os cinco países que geram mais inovação nesse segmento, e que universidades e organizações públicas de pesquisa ocupam um lugar de destaque no acervo de dados sobre essas tecnologias. É, no entanto, o setor privado que está na linha de frente nessa área, com as empresas especializadas na área liderando o caminho.
Enquanto isso, a convergência entre produtos eletrônicos de consumo e equipamentos de apoio leva a uma comercialização ainda maior dessas soluções. “As pessoas com deficiência se apoiam há muito tempo nas novas tecnologias para ganhar independência e interagir melhor com seu entorno”, destaca no relatório o diretor-geral da OMPI, o singapurense Daren Tang. Leia a matéria na íntegra aqui.