O diagnóstico do transtorno do espectro autista (TEA) pode ser muito mais complicado do que se imagina. Isso porque as causas determinantes do quadro são múltiplas, e o grau de comprometimento da comunicação e da relação social, bastante variáveis. E, ao postergar o início do tratamento, compromete-se não só o desenvolvimento e as habilidades do indivíduo, bem como a sua qualidade de vida e de quem está ao seu redor.
Com o objetivo de entender as dificuldades globais do problema e auxiliar uma parcela de autistas que permanecem na invisibilidade, a psicóloga Andressa Roveda e o empreendedor Leandro Mattos, da startup catarinense CogniSigns, desenvolveram uma ferramenta que ajuda a detectar sinais desse transtorno em crianças, adolescentes e adultos. “É importante destacar que não se trata de um diagnóstico, mas sim de uma triagem digital rápida, inteligente e de baixo custo, capaz de alertar o usuário caso existam comportamentos que sugiram TEA. Com esse sinal, a pessoa passa a ter consciência de que precisa buscar ajuda de um profissional de saúde habilitado. E os dados dessa triagem podem servir como instrumento de apoio para médicos durante o diagnóstico e tratamento”, explica Roveda.
Mas, afinal, como funciona?
A primeira etapa, gratuita, é realizada pela assistente virtual V.E.R.A. (Virtual Empathic Robot Assistant). A pessoa a ser analisada e seu acompanhante conversam com a assistente digital via smartphone, tablet ou computador, como em uma rede social, e respondem a um questionário. As perguntas –que constam de protocolos de saúde aplicados pela comunidade médica global— abordam desde a insistência em manter uma mesma rotina e o grau de interação com outros indivíduos até reações quando desejos e expectativas não se cumprem. Já a segunda etapa, cujo valor pode variar de acordo com o cliente (pessoa física ou jurídica), emprega a “visão computacional”, que atua em captura, classificação e compreensão de imagens, convertendo-as em dados. Na prática, basta posicionar o paciente em frente a um computador, tablet ou smartphone com câmera, clicar no botão “iniciar” e pedir que ele veja um vídeo. Enquanto isso, é feito um rastreamento ocular, parecido com a observação que o profissional de saúde realizaria durante esse tipo de exame.
Participante da atual edição do programa de aceleração da Samsung, Creative Startups, a CogniSigns vem investindo em aprimorar cada vez mais a V.E.R.A. para detecção facial. “Em breve, disponibilizaremos uma nova versão para saúde mental (estresse, ansiedade e depressão). Também estamos ampliando nossos estudos para aplicação em dislexia, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), entre outros”, conta Roveda.